Marquesa de Lambert (1647–1733): uma metafísica do amor
- camila kulkamp
- 13 de mai.
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Biografia
Marquesa ou Madame de Lambert foi uma escritora e filósofa francesa que viveu entre os séculos XVII e XVIII. Seu nome de nascimento era Anne-Thérèse de Marguenat de Courcelles, e ela veio ao mundo em Paris, em 1647, no seio de uma família aristocrática. Era filha de Étienne de Marguenat, senhor de Courcelles e mestre no Tribunal de Contas de Paris, e de Monique Passart.
Seu pai faleceu quando ela tinha apenas três anos de idade, em 1650. Pouco tempo depois, sua mãe casou-se com François Le Coigneux de Bachaumont, homem de letras, poeta, memorialista e amante das belas-artes, que se dedicou com atenção à formação intelectual da jovem Anne-Thérèse. Sua educação, com forte influência do neoepicurismo, foi marcada tanto pela presença dos textos clássicos quanto pela filosofia moral, e foi iniciada formalmente no convento das Annonciades, em Meulan. Sua mãe, Monique, viveu até 1692.
Anne-Thérèse viveu 86 anos, uma longevidade admirável. Embora algumas fontes, como a entrada francesa na Wikipédia, indiquem 1648 como seu ano de nascimento, a maioria das pesquisas e edições críticas considera 1647 como a data mais fidedigna.
Ela foi uma mulher altamente influente em sua época, respeitada nos círculos letrados e anfitriã de um dos salões mais importantes de Paris, mas, como tantas outras pensadoras, acabou sendo esquecida e apagada das histórias canônicas da filosofia. Sua obra, no entanto, segue lançando luz sobre temas como amizade, imaginação, educação, sensibilidade, gosto, velhice e virtude, o que revela uma filosofia muito ligada à existência e à concretude e, ao mesmo tempo, profundamente crítica dos valores do seu tempo.
Aos dezenove anos, Anne-Thérèse casou-se com Henri Lambert, marquês de Saint-Bris, um oficial do exército francês e capitão da Primeira Companhia do Regimento Real de Cavalaria. Por conta desse casamento, ela também passou a ser conhecida como marquesa de Saint-Bris. O casal teve quatro filhos. Dois deles, Marie-Thérèse e Henry François, sobreviveram à infância. Marie-Thérèse casou-se com Louis de Beaupoil e tornou-se condessa, mas faleceu jovem, em 1731. Henry François teve um casamento turbulento com a marquesa de Locmaria. As outras duas crianças, Monique, que morreu aos onze anos, e um bebê falecido logo após o nascimento, não chegaram à vida adulta.
Madame de Lambert nasceu em uma família pertencente à nobreza de toga, ligada à magistratura, ao serviço do Estado e à cultura letrada, uma nobreza associada ao pensamento, ao direito e à escrita. Ao se casar com Henri Lambert, ela ingressou também no universo da nobreza de espada, tradicionalmente vinculada à carreira militar e à honra do campo de batalha. Essa fusão entre duas formas de nobreza, uma voltada à razão e à administração, outra à glória e à bravura, parece ter se refletido, de forma singular, em sua própria trajetória intelectual.
Entre 1684 e 1697, durante o breve período de dominação francesa sobre o Ducado de Luxemburgo, Henri de Lambert foi nomeado governador da região, cargo de confiança que reunia funções administrativas e militares. A nomeação, feita diretamente pela coroa, buscava reforçar os laços entre o prestígio da aristocracia e o projeto político do absolutismo francês. Em 1686, no entanto, Henri faleceu e, aos 39 anos, Madame de Lambert tornou-se viúva.
A viuvez trouxe consigo desafios financeiros e jurídicos: Madame de Lambert enfrentou uma longa disputa legal para assegurar os bens de seu marido e de seu falecido pai. E saiu vitoriosa.
Com a situação financeira estabilizada, instalou-se em Paris em 1698, ocupando parte do Hôtel de Nevers, no bairro do Palais Royal. Foi ali que, a partir de 1710, passou a dirigir um salão literário regular que logo se tornaria célebre. Às terças-feiras, reunia-se um grupo de escritores e escritoras para debater textos, ideias e estilos. Às quartas, a casa se abria a encontros mais aristocráticos, de sociabilidade refinada. Mas Madame de Lambert gostava de promover o diálogo entre esses dois mundos, o das letras e o da nobreza, criando um espaço de conversação onde a sensibilidade, o gosto e a moral pudessem ser exercitados pelos dois grupos.
Segundo a historiadora Mónica Bolufer (2015), o salão criado por Madame de Lambert, no final do século XVII, era mais do que um espaço de sociabilidade: tratava-se de um projeto cuidadosamente arquitetado. Ao reunir em sua casa escritores, filósofos, moralistas e membros da aristocracia, a marquesa reativava uma tradição já consolidada na França desde o início do século, mas agora renovada com novos contornos.
Inspirada nos célebres encontros promovidos por Madame de Rambouillet, cuja chambre bleue acolhera escritoras e pensadores décadas antes. Mas seu salão não era uma réplica nostálgica do passado: ao contrário, ele se tornou um elo de transição entre o ideal clássico de civilidade e as novas formas de convivência intelectual que marcariam o Iluminismo.
Ali, o prestígio deixava de ser privilégio exclusivo da linhagem nobre, passando também àqueles e àquelas que escreviam, pensavam e criavam. Frequentavam seu salão nomes como o dramaturgo Pierre de Marivaux, o filósofo Montesquieu, o erudito Fontenelle, o dramaturgo Crébillon, o teólogo Fénelon, o físico Dortous de Mairan, a filóloga e tradutora Anne Dacier, a poetisa Catherine Bernard, a escritora de contos de fadas Marie-Catherine d’Aulnoy e a memorialista Baronesa de Staal, entre muitas outras figuras letradas que circulavam entre os salões parisienses, tecendo redes de diálogo, crítica e formação moral.
No centro desse espaço, e não apenas à margem como anfitriã, estava a própria Madame de Lambert, que compartilhava seus escritos com os convidados e convidadas. Ela não apenas promovia encontros: assumia-se como autora, moralista refinada, cujos textos eram lidos, comentados e debatidos. Seu salão era, assim, um laboratório do pensamento, onde a filosofia se articulava com a experiência, a escrita com a oralidade, e a escuta com a coragem de dizer.
O que significava, para uma mulher aristocrata, viúva, construir um espaço próprio de escuta, escrita e pensamento em meio a um mundo saturado de ideias androcêntricas e de estruturas patriarcais? Como a experiência da viuvez, ruptura, luto e liberdade inesperada, pode ter marcado, para ela, um rito de passagem para uma vida voltada à interioridade, à reflexão moral e à expressão escrita? Algo semelhante se passou com Christine de Pizan, séculos antes, e com tantas outras mulheres que encontraram, na solidão da viuvez, um caminho possível diante dos limites impostos.
Que lugar ocupam a imaginação e a sensibilidade em um contexto em que o Estado e a Igreja não controlavam apenas a política, mas também os costumes, os afetos e os modos de pensar das mulheres? Madame de Lambert escolheu cultivar o pensamento, o gosto, a amizade e o cuidado da alma como formas de existência, mesmo num tempo em que a escrita das mulheres era tolerada apenas em espaços privados.
Sua biografia permanece pouco conhecida, especialmente no Brasil. Não encontrei artigos acadêmicos, dissertações ou teses dedicadas à sua obra. Ainda assim, ela foi amplamente lida, traduzida e comentada nos séculos XVII e XVIII, inclusive em outras línguas. Mas, como tantas outras pensadoras, desapareceu dos livros de filosofia e dos debates intelectuais entre os séculos XIX e XX, reaparecendo timidamente nos anos 1990, quando grande parte do feminismo acadêmico começou a recuperar vozes esquecidas.
Recentemente, seu pensamento ganhou nova visibilidade com a coletânea Mulheres nas Luzes (2024), publicada pela Editora Unesp, que inclui um de seus textos, traduzido por Regina Schöpke e Mauro Baladi, e que será comentado mais adiante neste texto.
Madame de Lambert faleceu em 1733, aos 86 anos. Enfrentou dificuldades financeiras nos últimos anos, e pouco se sabe sobre suas circunstâncias finais. Mas sua obra permanece como testemunho de uma mulher que, a partir da sua experiência, fez da escrita uma forma de existência filosófica.
Um pouco sobre o contexto histórico, político e filosófico da época

Madame de Lambert viveu em um momento crucial da história francesa, marcado pela consolidação e posterior transição do absolutismo monárquico. Durante boa parte de sua vida, reinou Luís XIV, o chamado Rei Sol (1643–1715), cujo governo simbolizou a centralização extrema do poder, a teatralização da corte e o controle rígido sobre a cultura, os costumes e a política. Após sua morte, o trono passou para seu bisneto, Luís XV, ainda criança, sendo o governo provisoriamente exercido por Philippe d’Orléans, o regente.
Essa passagem entre o reinado austero e cerimonial de Luís XIV e a Regência de Philippe d’Orléans marcou uma inflexão nos costumes e nas ideias. O controle moral da corte se afrouxou e emergiu um período de maior liberdade de expressão, de circulação de ideias e também de escândalos morais. Nesse ambiente mais poroso e instável, os salões literários e filosóficos ganharam força, tornando-se verdadeiros centros de debate e formação intelectual. E é justamente nesse espaço que a presença de mulheres como Madame de Lambert se torna decisiva.
Segundo Mónica Bolufer (2015), havia na França uma linhagem de mulheres pensadoras e anfitriãs que, desde a metade do século XVII, vinham transformando os modos de convivência e de produção intelectual. Eram chamadas de “preciosas” (précieuses, em francês), mulheres da aristocracia que criaram círculos de sociabilidade letrada, onde se cultivava o gosto pela literatura, pela sutileza das ideias, pela arte da conversação e pela elaboração de uma moral refinada.
Entre elas, destacam-se Madame de Rambouillet, criadora do célebre salão da chambre bleue, citada diretamente por Madame de Lambert como modelo; Madeleine de Scudéry, autora de romances filosóficos em que discutia sobre a amizade e o amor; e Madame de La Fayette, que publicou La Princesse de Clèves, considerada o primeiro romance psicológico moderno da literatura francesa.

Essas mulheres não se limitavam à literatura. Elas construíram uma reflexão moral sobre o afeto e do convívio, um ideal de vida cultivado na interioridade, na escuta e na troca. Por isso foram chamadas, com certa ironia e admiração, de “jansenistas do amor”, uma alusão à seriedade moral dos jansenistas, mas aplicada ao campo das emoções e dos vínculos sensíveis.
Nesse contexto, a noção de honnêteté ganhou destaque, e se tratava de termo central na filosofia de Madame de Lambert. Não se tratava apenas de boas maneiras ou decoro exterior, mas de uma honestidade interior, de uma coerência entre o sentir e o agir, entre a virtude moral e a graça no trato com os outros.
Contra o pano de fundo da Regência, marcada por escândalos públicos, libertinagem de costumes e a crescente influência do dinheiro sobre os valores, Madame de Lambert propôs, como resposta, uma filosofia moral sutil e elevada, sensível e exigente; uma forma de resistência estética, política e moral que não recorre ao dogma nem à rigidez, mas à inteligência afetiva, à delicadeza e à razão que nasce do coração.
Madame de Lambert viveu no limiar do Iluminismo, em um tempo de transição entre o racionalismo clássico, representado por Descartes, Malebranche e Pascal, e a ascensão dos filósofos iluministas como Voltaire, Montesquieu, Diderot e Rousseau, que ela antecedeu em décadas. Sua geração foi profundamente influenciada pelo racionalismo francês e pelos valores estoicos, muito presentes em seus escritos. Mas também foi ela quem preparou o terreno para os debates do século XVIII sobre razão, moralidade, sensibilidade e reforma da educação.
Alguns dos temas preferidos de Madame de Lambert, como a formação moral, a educação, o cultivo da sensibilidade e a autoconstrução do caráter, refletem, ao mesmo tempo, a herança estoica e um interesse emergente pelas dimensões da emoção e da imaginação na vida moral. Dimensões essas que mais tarde se tornariam centrais para pensadores como Rousseau, Condillac e os moralistas sentimentais britânicos. Sobre suas influências teóricas, Mónica Bolufer (2015) sintetizou de forma precisa:
“Como já havia mostrado há tempos o esplêndido estudo de Roger Marchal, o pensamento de Madame de Lambert se inscreve na densa tradição dos moralistas franceses dos séculos XVI e XVII (Montaigne, Saint-Évremond, La Rochefoucauld, Fontenelle, La Bruyère, Malebranche, Fénelon), enriquecida por sua sólida formação nos clássicos (em particular Plutarco, Platão, os epicuristas, Diógenes Laércio, os estoicos, Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio), mas também por autores cristãos (como Santo Agostinho, místicas como Jeanne Guyon), pela literatura do século XVII (o teatro de Corneille, os romances de Madeleine de Scudéry) e pela filosofia moderna (Descartes, Bayle, Le Clerc, o Journal des Savants)”(BOLUFER, 2015, p. 244, tradução minha).
Além disso, Madame de Lambert pode ser inserida de forma significativa na Querelle des femmes, a “disputa sobre as mulheres”, um debate filosófico, teológico e literário que atravessou séculos, do final da Idade Média até o Iluminismo, sobre a natureza, capacidades, moralidade e papel social das mulheres. Enquanto muitos defendiam a inferioridade feminina com base em argumentos religiosos, científicos e morais, outras figuras, como Christine de Pizan, Marie de Gournay e Poullain de la Barre, responderam reivindicando a razão, a sensibilidade, a dignidade e a virtude das mulheres.
Madame de Lambert participou desse debate, tanto por meio de seus escritos quanto de sua atuação nos salões. Em textos como Réflexions nouvelles sur les femmes (Reflexões novas sobre as mulheres), ela questionou abertamente os estereótipos misóginos de sua época e defendeu a educação das mulheres. Como salonnière, criou também um espaço de escuta, de validação e de circulação de obras escritas por mulheres, reunindo em sua casa mulheres letradas e contribuindo para sua visibilidade num mundo que ainda restringia a presença feminina nos debates filosóficos.
Mesmo que seu nome nem sempre figure ao lado dos grandes pensadores da Querelle, sua escrita e sua prática social fazem dela uma das vozes mais sutis e firmes na defesa da autonomia intelectual das mulheres.
Obras

Entre os primeiros escritos de Madame de Lambert estão aqueles dedicados a seus filhos e que fazem parte da sua reflexão sobre a educação. São advertências morais escritas com afeto e lucidez, voltadas à formação do caráter. Com o tempo, sua atenção filosófica se expandiu para temas como a amizade, a velhice, o gosto e a condição das mulheres. Esses textos revelam uma filosofia marcada por uma sensibilidade aguda, que valoriza tanto a razão quanto os afetos e a imaginação.
Inspirada em Montaigne, Madame de Lambert escreveu sobretudo ensaios breves, nos quais a experiência pessoal se articulava a reflexões mais gerais. Segundo John Conley, no verbete dedicado a ela na Internet Encyclopedia of Philosophy, seus escritos empregavam formas literárias típicas dos salões da época, como máximas, frases curtas e incisivas que condensam uma verdade moral ou uma observação aguda sobre a vida; retratos literários, que descrevem de forma sensível o caráter de uma pessoa em poucas linhas, quase como esboços psicológicos; diálogos literários, nos quais personagens imaginários expõem diferentes pontos de vista em conversas ficcionais; e narrativas edificantes, pequenos contos morais que instruem sem perder a leveza estética.
Essas formas permitiam que Madame de Lambert fosse, ao mesmo tempo, filosófica e literária, argumentativa e sensível, criando uma escrita que convidava à reflexão sem abdicar da graça da conversa.
Segundo John Conley (s.d.), as obras de Madame de Lambert foram compiladas e publicadas em diversas edições ao longo do século XVIII: 1747, 1748, 1750, 1751, 1758, 1761, 1766, 1774, 1785. Também foram traduzidas para o inglês, com edições que circularam em 1749, 1756, 1769, 1770 e 1781; para o alemão, em 1750; e para o espanhol, em 1781.
A edição em castelhano foi traduzida por Doña María Cayetana de la Cerda y Vera, Condessa de Lalaing (1755–1798), uma mulher igualmente fascinante, cuja biografia permanece pouco conhecida. Sabe-se, no entanto, que recebeu uma educação distinta, escreveu textos em defesa das mulheres e da educação feminina e traduziu doze obras da marquesa de Lambert, declarando, inclusive, sua profunda admiração por essa filósofa francesa.
As obras traduzidas ao espanhol foram: Advertencias de una Madre á su Hijo; Advertencias de una Madre á su Hija; Tratado de la Amistad; Tratado de la Vejez; Reflexiones nuevas sobre las mugeres; Reflexiones sobre el gusto; Reflexiones sobre las riquezas; Psyché en Griego Alma; Dialogo entre Alexandro y Diogenes sobre la igualdad de los bienes; Discurso sobre el dictamen de una Señora, que creía, que el amor convenía á las mugeres, aun cuando ya no eran jovenes; Discurso sobre la delicadeza del entendimiento, y de los afectos; e Discurso sobre la diferencia que hay de la Reputacion á la Consideracion.
Graças a esse trabalho, é possível encontrar mais materiais sobre Madame de Lambert em espanhol do que em português ou mesmo em inglês. Há inclusive vários vídeos dedicados a ela em plataformas como o YouTube. A maioria dos textos acadêmicos e literários sobre a marquesa ainda está disponível em francês e espanhol. Em inglês e português, a presença dela ainda é tímida.
Alô editoras e pesquisadoras brasileiras? Vamos traduzir Madame de Lambert?
Entre os textos mais acessíveis e instigantes sobre sua obra, destaco o artigo da historiadora Mónica Bolufer Peruga, intitulado Una ética de la excelencia: Cayetana de la Cerda y la circulación de Madame de Lambert en España (2015), que analisa justamente a recepção da autora a partir da tradução feita pela Condessa de Lalaing. Já um dos maiores estudos de fôlego sobre a filósofa é o livro de Roger Marchal, Madame de Lambert et son milieu (1991), com mais de 700 páginas; uma obra extensa em língua francesa, que abrange sua biografia, contexto histórico e reflexão filosófica com profundidade. Encontrei também um artigo em português, de Vladimir de Oliva Mota, intitulado A antinomia do gosto de Madame de Lambert (2023).A antinomia do Gosto em Madame de Lambert
Entre as principais obras de Madame de Lambert, destacam-se a Lettre de madame la Marquise de Lambert, sur les Fables Nouvelles (1719), uma carta crítica a respeito das fábulas de Antoine Houdar de La Motte, acompanhada de uma resposta escrita em forma de apologia.
Em seguida, publicou Avis d'une mère à son fils (1726), uma coletânea de conselhos morais dirigida a seu filho. O texto, como muitos de seus escritos, oscila entre o tom afetivo e a lucidez ética. Segue um excerto, retirado da versão em francês, disponível no site da Unesp e traduzido por mim:
“Aqui estão, meu filho, alguns preceitos que dizem respeito aos costumes: leia-os sem dificuldade. Não são lições secas, marcadas pela autoridade de uma mãe; são conselhos dados por uma amiga, e que partem do coração. Ao entrar no mundo, você provavelmente se propôs um objetivo; tem espírito demais para querer viver ao acaso: não pode aspirar a nada mais digno nem mais apropriado do que a glória, mas é preciso saber o que se entende por esse termo, e qual ideia você associa a ele. Há muitas formas de glória: cada profissão tem a sua. Na sua, meu filho, entende-se por glória aquela que acompanha o valor. É a glória dos heróis, e ela é a mais brilhante” (LAMBERT, p. 2, tradução minha).
No ano seguinte, publicou Réflexions nouvelles sur les femmes, ou Métaphysique d’amour (1727), obra que discute criticamente a condição feminina e o amor, sob uma perspectiva filosófica refinada. Esse texto já possui tradução para o português e será comentado mais adiante.
Em 1728, Madame de Lambert reafirmou seu engajamento com a educação moral das mulheres ao lançar Avis d’une mère à sa fille. A força de sua crítica à negligência com a formação feminina aparece com clareza no excerto abaixo:
“Em todas as épocas, negligenciou-se a educação das meninas. Tem-se atenção apenas pelos homens e, como se as mulheres fossem uma espécie à parte, abandona-se a elas mesmas, sem auxílio, sem pensar que elas compõem a metade do mundo; que os homens estão necessariamente ligados a elas por alianças; que são as mulheres que fazem a felicidade ou a desgraça dos homens, que sempre sentem a necessidade de que elas sejam razoáveis; que é por meio delas que as famílias se erguem ou se destroem; que a educação das crianças lhes é confiada nos primeiros anos da infância, tempo em que as impressões são mais vivas e profundas. (...) Nada é tão mal compreendido quanto a educação que se dá às jovens. Elas são destinadas a agradar; só recebem lições de charme e de aparência; reforça-se nelas o amor-próprio; entregam-nas à frivolidade, ao mundo e às falsas opiniões. Jamais lhes são ensinadas a virtude nem a força. É uma injustiça, ou melhor, uma loucura, imaginar que uma educação assim não acabará se voltando contra elas. Minha filha, não basta, para ser estimável, submeter-se exteriormente às boas maneiras (bienséances): são os sentimentos que formam o caráter, que guiam o espírito, que governam a vontade e que garantem a realidade e a duração de todas as nossas virtudes” (LAMBERT, p. 47–48, tradução minha).
A partir de 1732, Madame de Lambert publicou dois de seus textos mais conhecidos. O primeiro é o Traité de l’Amitié, um elogio à amizade como virtude refinada, instrumento de aperfeiçoamento moral e alimento do coração sensível. Trata-se de um texto que funde filosofia e afeto, razão e ternura, e que convida a pensar o laço amistoso como bem essencial da existência:
“Quanto mais se avança na vida, mais se sente a necessidade da amizade. À medida que a razão se aperfeiçoa, o espírito se torna mais delicado e o coração se purifica, o sentimento da amizade se torna ainda mais necessário. Eis o que meus momentos de solidão me fizeram pensar sobre o tema. Em todos os tempos, considerou-se a amizade como um dos maiores bens da vida. É um sentimento que nasce conosco: o primeiro movimento do coração foi o de se unir a outro coração. No entanto, essa é uma queixa generalizada: todos dizem que não há mais amigos. Todos os séculos juntos mal oferecem três ou quatro exemplos de amizade perfeita. Se todos os homens concordam quanto aos encantos da amizade, por que, sendo esse um interesse comum, não se entendem, não se unem para dela desfrutar? Isso se deve ao desregramento dos homens, que os cega diante de seus verdadeiros interesses. A sabedoria e a verdade, ao nos esclarecerem, tornam nosso amor-próprio mais hábil, e nos ensinam que nosso verdadeiro interesse é nos ligarmos à virtude, e que a virtude traz consigo os prazeres doces da amizade. Vejamos, então, quais são os encantos e os benefícios da amizade, para que os busquemos; qual é seu verdadeiro caráter, para que a reconheçamos; e quais são os deveres da amizade, para que os cumpramos. Os benefícios da amizade se apresentam por si mesmos: toda a natureza tem uma só voz para afirmar que esses são os mais desejáveis de todos os bens. Sem ela, a vida não tem encanto. O homem é cheio de necessidades: entregue a si mesmo, sente um vazio que apenas a amizade é capaz de preencher. Sempre inquieto, sempre agitado, ele só se acalma e encontra repouso na amizade” (LAMBERT, p. 99–101, tradução minha).
No mesmo ano, ela publicou também o Traité de la Vieillesse (1732), no qual reflete sobre o envelhecer com sabedoria, dignidade e uma lucidez rara sobre a condição feminina. A velhice, para Madame de Lambert, não é apenas uma fase da vida, mas um espelho das negligências impostas às mulheres desde a juventude e, ao mesmo tempo, uma oportunidade tardia de liberdade interior e aperfeiçoamento moral:
“Deus deu aos homens todos os auxílios necessários para aperfeiçoarem sua razão e aprenderem a grande ciência da felicidade em todas as fases da vida. Cícero escreveu um Tratado da Velhice para ajudá-los a tirar proveito de uma idade em que tudo parece nos abandonar. Trabalha-se sempre em favor dos homens; mas, no caso das mulheres, em todas as idades, elas são deixadas a si mesmas. Negligencia-se sua educação na juventude; ao longo da vida, elas são privadas de apoio e sustentação para a velhice. Por isso, a maioria das mulheres vive sem atenção nem reflexão sobre si mesmas: na juventude são vaidosas e dispersas; na velhice, frágeis e abandonadas. Chegamos a cada etapa da vida sem saber como nela nos conduzir ou como aproveitá-la. Quando essa etapa passa, percebemos o uso que poderíamos ter feito dela, mas, como os arrependimentos são inúteis a menos que sirvam para nos corrigir, vejamos como tirar proveito do tempo que ainda nos resta. Ajudo-me com minhas reflexões e, como me aproximo dessa idade em que tudo nos escapa, quero reencontrar na razão o valor daquilo que perco. Todos temem a velhice: é vista como um tempo entregue à dor e à tristeza, no qual todos os prazeres e encantos desaparecem. A cada avanço da idade, todos perdem algo, e as mulheres mais do que os homens. Como todo o mérito feminino parece repousar nos encantos exteriores, que o tempo destrói, elas se veem completamente desprovidas. Poucas são as mulheres cujo mérito dura mais do que a beleza. Vejamos, então, se não é possível substituir tais perdas; pois não há bem, por mais modesto que seja, que não tenha algum valor nas mãos de uma pessoa hábil. Usemos o tempo da velhice e pensemos em aproveitá-lo para nossa perfeição e felicidade” (LAMBERT, p. 121–122, tradução minha).
Após sua morte, foram reunidas e publicadas as Lettres à diverses personnes (1748), um conjunto de correspondências que revela sua sensibilidade filosófica e o cuidado no trato com amigos e pensadores de sua época.
Além de suas publicações mais conhecidas, Madame de Lambert é também autora de ensaios notáveis que circularam inicialmente em manuscritos privados, compartilhados nos salões e reunidos apenas em edições póstumas. Entre eles, destacam-se as Réflexions sur le goût, um texto sobre o julgamento estético e a formação do gosto; as Réflexions sur les richesses, nas quais propõe uma ética do desapego alinhada aos valores estoicos; e o Dialogue entre Alexandre et Diogène sur l’égalité des biens, onde a autora valoriza a virtude e o mérito acima da fortuna ou da origem nobre.
Entre os escritos menos conhecidos de Madame de Lambert, encontram-se algumas obras pouco acessíveis, cuja existência atesta a amplitude de sua produção filosófico-literária: Psyché, en grec Âme; La Femme ermite; Portraits; Dialogues; e Discours. Já a obra Lettres sur la véritable éducation (Amsterdã, 1729) reúne em uma única edição seus dois textos dedicados à formação moral de jovens, Avis d’une mère à son fils e Avis d’une mère à sa fille.
Atualmente, algumas dessas obras podem ser encontradas em repositórios digitais. No site da Biblioteca da Unesp, está disponível para download gratuito uma edição francesa de 1883, que reúne cinco de seus ensaios morais acompanhados de uma biografia. A Biblioteca Valenciana Digital oferece a versão traduzida ao castelhano, de 1781, realizada pela Condessa de Lalaing. E no site do Internet Archive, pode-se acessar uma edição em inglês publicada em 1770.
Sua ausência nos currículos de filosofia, tanto escolares quanto universitários, é mais uma expressão da forma como a história canônica apagou as contribuições das filósofas.
Sobre a obra Reflexões novas sobre as mulheres por uma dama da corte

Nesta seção, apresento alguns pontos que chamaram minha atenção quando li Reflexões novas sobre as mulheres, de Madame de Lambert; texto que a própria autora ousou chamar de “metafísica do amor”. Ao comentar essa obra, busco destacar brevemente quatro aspectos principais: (1) a maneira como Lambert reivindicou uma filosofia ancorada na experiência afetiva das mulheres; (2) sua crítica à tirania masculina e à negação da educação feminina; (3) a importância que ela dá à solidão como momento para a autorreflexão feminina como forma de resistência à tirania masculina; e (4) sua defesa da imaginação e da sensibilidade contra os ataques de filósofos como Malebranche, que associaram essas faculdades à instabilidade e ao erro.
A metafísica do amor: a escolha conceitual ousada de Madame de Lambert
Logo no início de Réflexions nouvelles sur les femmes, Madame de Lambert afirmou seu gosto por “passear com o espírito”, expressão herdada dos antigos para designar o exercício livre do pensamento. Mas seu espanto logo se revela: muitos homens de seu tempo condenam mulheres que ousam pensar. E não apenas condenam, como ridicularizam. Ela mencionou Molière, autor de Les femmes savantes, que zombou das mulheres sábias como Cervantes zombou dos cavaleiros da monarquia em Dom Quixote. Lambert percebeu, com precisão, como o riso pode ser uma forma de deslegitimar o pensamento, sobretudo o das mulheres.
É nesse cenário que ela ousou nomear sua reflexão como “metafísica do amor”. Marchal (1991) observou que esse gesto causou escárnio em sua época. E talvez ainda cause. Mas o que está em jogo aqui é mais do que provocação: é um deslocamento epistemológico. Ao dar esse nome ao seu ensaio, Lambert afirmou que o amor, entendido não como paixão cega, mas como espaço de formação moral, pode e deve ser objeto de reflexão filosófica. E mais: que a experiência das mulheres, marcada pelo amor, pela sensibilidade e pela imaginação, tem valor filosófico. Ela não está apenas fazendo filosofia, está reinventando seus limites.
A crítica à tirania masculina e a defesa da educação das mulheres
Ao longo do texto, Madame de Lambert construiu uma crítica firme à opressão vivida pelas mulheres. Ela tratou da “tirania dos homens”, que lhes interditava tanto o exercício do espírito quanto a expressão dos sentimentos. Essa tirania, segundo ela, produz nas mulheres uma forma de “divórcio” existencial: uma desconexão de si, um vazio interior que leva ao erro, ao vício, à dependência afetiva. É nesse contexto que ela afirma: “Quando não estamos ligadas a nós mesmas por gostos sólidos, estamos ligadas a tudo” (LAMBERT, 2024, p. 38)
Essa crítica se desdobra em outra: o silêncio imposto às mulheres sábias, ridicularizadas a ponto de abandonarem o pensamento para refugiar-se nos prazeres da corte. Lambert observou como, ao imitarem os vícios masculinos, a ostentação, a luxúria, a libertinagem, a arrogância, o abuso do poder, as mulheres perdem sua singularidade. E reafirmou: somente a virtude, o pudor e a decência podem restaurar a dignidade feminina. Assim, ela propôs não a assimilação ao modelo masculino, mas uma reconstrução moral a partir de valores próprios.
Essa reconstrução, para ela, passa pela educação. Ao perguntar, em tom incisivo: “Que direito tendes vós de nos proibir o estudo das ciências e das belas-artes?” (LAMBERT, 2024, p. 39), ela inscreveu seu pensamento na longa Querelle des femmes. A educação é, aqui, o que resta quando a beleza se vai. É o que dá às mulheres valor duradouro, mérito próprio, virtude e independência de juízo.
A solidão como via para a autorreflexão
Contra o preconceito que associa a solidão feminina à tristeza, Madame de Lambert a reivindicou como um espaço necessário de cultivo de si. Ela escreveu: “É na solidão que a verdade dá suas lições” (LAMBERT, 2024, p. 38). A leitura, nesse contexto, aparece como prática de autoconhecimento e de transformação moral. Ela afirmou que na solidão, nas leituras, “uma cultura sólida se reflete nos costumes” (LAMBERT, 2024, p. 38). Em outras palavras, é na construção interna e silenciosa de si mesma que uma mulher reencontra a sua própria dignidade, em contraste com o desejo de agradar, que leva as mulheres a olharem para fora e para os outros, ou mesmo para si mesmas de forma superficial.
Esse trecho ressoa com enorme potência no presente e deve ser pensado a partir das interseccionalidades. Em uma sociedade que ainda sobrecarrega as mulheres com o cuidado de tudo e todos, reivindicar tempo e espaço para si continua sendo um ato subversivo. Seu chamado permanece válido: conhecer a si mesma, descobrir o que se deseja, fortalecer-se no interior. Sua filosofia é, também, uma filosofia que leva ao aprimoramento dessa “casa interna” como metáfora existencial.
A reabilitação da sensibilidade, da imaginação e do gosto
Madame de Lambert se contrapôs diretamente a perspectivas de filósofos como Nicolas Malebranche, que associou a imaginação e o gosto femininos à instabilidade, ao erro e ao vício. Segundo ele, por terem fibras cerebrais “moles” e “delicadas”, as mulheres seriam mais vulneráveis às perturbações causadas pelos espíritos animais, o que as tornaria distraídas e inapta para a contemplação metafísica. Mais ainda: Malebranche chegou a culpar as mulheres pela deformação da mente das crianças, sugerindo que a imaginação desordenada das mães transmite, ainda no útero, um amor excessivo pelo sensível.
Contra essa perspectiva fisiológica, determinista e hierárquica, Lambert propôs outra abordagem: a da imaginação como força criativa e moral. Em seu texto, ela defendeu que a imaginação pode elevar a alma, despertar os sentidos para a beleza, prolongar os prazeres pelo tempo e, sobretudo, alegrar a vida e a alma. Para ela, se as mulheres possuem sensibilidade aguçada e imaginação potente, isso não é motivo de inferiorização, é motivo de admiração. Ela escreveu: “Eu creio que o bom gosto depende de duas coisas: de um sentimento muito delicado no coração e de uma grande justeza no espírito” (LAMBERT, 2024, p. 42).
Sua filosofia, assim, devolve dignidade a faculdades historicamente desprezadas, especialmente nas mulheres. Em vez de afastar o pensamento da experiência sensível, Lambert propôs integrá-los. Não se trata de uma romantização sem sentido, mas de mostrar que razão e sensibilidade, quando aliadas, são forças poderosas de discernimento e de criação.
Ao final da leitura de Réflexions nouvelles sur les femmes, é impossível não reconhecer a atualidade e a coragem do pensamento de Madame de Lambert. Ela não apenas desafiou os moldes filosóficos de sua época, mas nos legou uma crítica poderosa: a da dissociação da mulher de si mesma, promovida por uma cultura que interditou o uso pleno do espírito, da imaginação e dos afetos.
Sua metáfora do “divórcio de si” continua sendo um diagnóstico contundente da condição de muitas mulheres. Ao reivindicar tempo, leitura e solidão como caminhos para a reconstrução de uma interioridade lúcida, Lambert nos oferece mais do que conselhos morais: oferece ferramentas filosóficas de resistência e de reinvenção.
E ao inverter a pergunta clássica, “o que querem as mulheres?”, devolvendo-a aos homens, “o que quereis de nós?”, ela desmonta, com ironia e precisão, o aparato de controle que produziu o feminino como “enigma”.
Gostaria de encerrar dizendo que essa crítica de Madame de Lambert e, mais amplamente, toda uma recuperação das reflexões sobre a imaginação das mulheres, permanece não apenas necessária, mas urgente.
Ainda hoje, operam de forma silenciosa, mas persistente, os ecos de uma tradição que associou a sensibilidade, o gosto e a imaginação ao erro, ao excesso e à inferioridade ou, quando os valorizou, fez questão de marcar que, nas mulheres, essas qualidades seriam de uma ordem inferior.
Esses traços, historicamente codificados como “femininos”, seguem sendo usados para deslegitimar não apenas as mulheres, mas todos os corpos e saberes que escapam à norma racionalista e viril da filosofia. Ao reabilitar essas potências, Madame de Lambert nos convida a repensar, desde suas margens, o que pode ser uma filosofia que inclua o afeto, o corpo, o gosto e o encantamento como forças de pensamento.
Referências e fontes
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